terça-feira, 31 de agosto de 2010
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
querências...
(…)
não quero ser triste
como o poeta que envelhece lendo mayakovski
na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono
alegre sob o sol de domingo
nem quero ser estanque
como quem constrói estradas
e não anda
quero no escuro
como um cego tatear
estrelas distraídas
(…)
...quero tudo e tanto, tanto.
quero seguir vivendo e sentindo desse jeito do avesso que me dá tanto prazer e que dói de vez em quando.
quero ir em frente com meus passos coloridos, fora do ritmo, tão meus. colher flores coloridas pelo caminho, abrir os braços para as garoas e as tempestades, dançar rodopiando as saias floridas e sujando os pés no barro úmido do sereno da noite.
quero abraçar e ser abraçada, quero beijar e ser beijada, quero acolher e ser acolhida,
quero a vida em boa companhia.
quero dizer o que penso, mesmo que não faça sentido.
quero rir do meu próprio ridículo, não ter medo de quebrar a cara, ver poesia nos pequenos detalhes onde ninguém mais vê a não ser a sem-gracice cotidiana.
quero ser o que sempre fui e todos os dias desejo continuar sendo, uma menina de cabelos bagunçados e sorriso fácil.
e quero ser mulher que acorda todos os dias olhando pra trás e saboreando o tempo que passa.
quero deixar meus cabelos crescerem e cortar tudo de uma vez, quero me olhar no espelho e me ver camaleoa.
quero que o amanhã seja sempre tudo novo de novo, quero a dúvida e a pureza do que não se sabe.
quero presente, quero instante.
quero aceitar algumas coisas em mim, e mudar outras, quero a inteireza da vida à flor da pele."
Zeca Baleiro
"Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões. Prevo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo."
Manoel de Barros
o mundo, de entender as pessoas, de procurar os sete erros.
Gostaria de ter todas as respostas na última pagina,
de ter um manual de atitudes sensatas, ter o pensamento voltado pra Meca.
Queria que ouvesse um serviço de telessoluções
entregues a domicílio em menos de meia hora.
Que gorjeta boa eu daria.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
a que me traduz, Pipa.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
"pro samba que você me convidou"
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
porque eu podia quando quisesse
"Viver apaixonada por uma causa, por um sonho. Desapaixonar-se dos medos.
Dos nãos que secam a alegria de viver. Alimentar-se de memórias deliciosas
e conversas entre você e suas saudades. Dessas que ninguém pode tirá-las de ti.
Apaixonar-se por um sorriso. Por alguém. Por uma ideia louca que você pode ser
na vida de alguém. Apaixonar-se por você..."
'Sorte é saber que eu sou forte, capaz e saudável.
E saber que eu não sou um monte de coisas. Mas que posso ser.
É ter pra quem ligar quando eu quero rir.
E ter alguém pra chamar quando eu quero colo. É ter certezas.
De que vai dar tempo. De que vai dar saudade.
E de que eu sou determinada a ponto de quebrar a cara
(e de não desistir com isso). É, acima de tudo, saber perceber que eu tenho sorte.
Sorte é ter um passado doce e o açucareiro nas mãos.'
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
terça-feira, 10 de agosto de 2010
Alegria na tristeza
'O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se “Alegría de la tristeza” e está no livro “La vida ese paréntesis” que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada.'
Martha Medeiros